ASSÉDIOS
Assediei um homem. Descarada e publicamente. Só soube foi depois!
“por acaso tem cá máquinas fotográficas? Não me diga…” “ e baterias tem? A que preço? Veja lá quanto custariam mais uns cartões de memória …” “... e com desconto?” “Não me diga que não consegue melhor que isso…” “Já agora veja lá que objectivas tem para esta máquina… não me engane, que há para aí um Photographo que sabe tudo sobre objectivas e diz que há uma qualquer que não presta para nada. Eu já não me lembro é qual!” “Aahh, filtros UV, pois. Muito importante…o melhor é dar-me já duas embalagens dessas.”
Enquanto isto, o PC brincava com todos os bébés que entravam pela loja dentro. E foram muitos. Cada mãe com pelo menos duas ou três crianças. Nunca o olhar delas encarou o do PC - nunca. “Filha, estou a ficar fartinho disto…” dizia-me ele entre dentes.
Entravam ali para tirar fotografias tipo passe, ou a acompanhar alguém com o mesmo propósito.
Estávamos em Brooklyn, num bairro de judeus ortodoxos, numa loja onde nos pediram para ir buscar uma objectiva XXXL…para fotografar casamentos (?).
Duas horas depois, voltámos lá. Queríamos mais uma máquina. O senhor tão simpático e os preços francamente bons. Quisémos saber-lhe o nome. Joel, respondeu, ruborescido, mas sempre com um sorriso angelical a dar com os canudos do cabelo.
Com tudo pago e nos sacos, o PC despediu-se dele com um forte aperto de mão.
Imitei o gesto naturalmente. E fiquei com o braço estendido. O Joel apressou-se a levantar as mãos com as palmas viradas para mim enquanto recuava atrás do balcão. Fitámo-nos por uns segundos, até que ele disse : “não posso!” e sem pensar respondi “OK, compreendo.”.
Só que não compreendi nada. Ainda menos quando, ao sair, percebi que toda a gente na loja estava de olhos postos em nós. A ver como eu reagia, mas sobretudo como reagia o Joel.
("LADIES ENTRANCE" na porta da esquerda...)
De volta a Manhattan, um americano casado com uma judia não ortodoxa, explicou-me que o que eu tinha feito era assédio.
Um homem casado não pode nunca mais tocar numa mulher. A mulher simboliza a tentação, que se deve evitar a todo o custo. Estender-lhe a mão simbolizou oferecer-lhe a oportunidade de cair em tentação. E, pelo menos em público, ele nunca o poderia fazer.
As mulheres, a maioria com um ar sofrido e infeliz e todas abotoadas até ao queixo , existem para servir o marido e procriar. Antes de mais, procriar. Interagir com o PC em conversas de filhos estava, por isso, igualmente fora de questão. Só que a ele ninguém lhe disse “não posso”!!
Aprendi mais umas coisas.
P.S. Tenho fotos do Joel, que ele posou feliz para a máquina a pedido do PC, mas não ousei colocá-las aqui. Assediei, está assediado. Não pode, não pode…!
(Fotos de PC e Devaneante)
5 Comentários:
Filha, está bem contada a história, sim sinhor.
O Joel era uma joia de moço, não estava era preparado para ser assediado daquela maneira.
E o almoço na lanchunete, foi bastante simpático, não acháste ?
Beijos,
PC.
Tenho uma pergunta. Quais sao os fotos que monstram voce com as suas criancas. Claro, era facile reconhecer voce com roupas pretas e com o seu marido com uma barba preta grande. Voce ja tem associado-se uma seita nova ou voce so gosta homens quem no pode falar com outras mulheres depois o casamento dele??
Muitas perguntas e so pouco tempo.
Va para cama cedo a noite. Ninguem quero ver um blog depois meia noite - so os desempregados!!
Beijinhos.
Tejo em Londres
PC,
O almoço foi fantástico. Cada um de nós com uma máquina na mão a ver quem tirava mais fotografias. O sushi estava uma delicia!
Tejo em Londres,
Ahahahaha! Nem eu nem as minhas crianças aparecemos em nenhuma das fotos.
Não me dou com seitas nem com fundamentalismos. Tudo o que é demasiado rígido incomoda-me...
Quanto aos homens, gosto dos que falam. Comigo, com outras mulheres e com outros homens, mas que falem!
Espero encontrá-lo este fim-de-semana para lhe explicar porque só consigo vir ao blog a horas mais tardias - justamente porque não me despedem. Se calhar ganhava mais com isso. ;-)
Beijinhos
Se me tivesses assediado a mim, eu podia!
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