TITANIC

(Foto de Gregory Colbert)

Foi com trinta anos que vi, pela primeira vez, o “Titanic”. Trinta tão longos e intensos anos, tão bem vividos dizia eu, que a reacção que o filme me provocou ainda hoje me espanta.

Esperei que a sala ficasse vazia. Não aguentava que me olhassem com dó. Na verdade, não aguentava que me olhassem, ponto. Não que me conseguisse movimentar, que nada em mim parecia funcionar.

As lágrimas corriam-me selvagens cara abaixo já as luzes mostravam, há muito, as migalhas largadas na sala. Migalhas de pipocas, de mágoas, de dores, de amores “Desculpem, mas têm que sair...”.

Aquele nó na garganta já me sufucou algumas vezes "Jack…Jack…Jack…”.

Aprendemos a respirar ou morremos. Tão simples quanto isto.

Hoje passeei-me pela praia, e no meio de pranchas de surf, foi disto que me lembrei. Nestes dez anos quase morri várias vezes “...Jack…Jack…Jack…” .